sábado, 15 de maio de 2010

Acróstico - LÍVIA

L ábios de mel que de sede busco
I ncendeia minha boca oca que
V agueia no escuro
I maginando recostar meu barco nas tuas
A guas de céu

Acróstico - RAQUEL

R iso teu que contagia
A legria que me traz
Q uando perto estás
U ltrajando meus princípios
E squecendo meu destino
L evando minha paz.

sábado, 17 de abril de 2010

Quando os Trabalhadores perderem a paciência...


As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência

A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências

Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obsolescência.
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
"Declaro vaga a presidência"!
(Dr. Mauro Iasi)

domingo, 4 de abril de 2010



A gente sempre esquece quando acontece novamente. A gente sempre esquece quando ela nos apanha novamente. Como ela faz? Que poder é esse? Dá vontade de ir embora, de chegar, de fazer coisas que não faria antes... Ouvir Paulinho Moska "Meu amor, vamos falar sobre o passado depois porque o futuro está esperando por nós dois". Cantarolar Natiruts "Cresça, independente do que aconteça. Eu não quero que você esqueça que eu gosto muito de você. Chego, e sinto o gosto do teu beijo. É muito mais do que desejo, me dá vontade de ficar. Teu olhar é forte como água do mar. Vem me dar novo sentido prá viver..."

Esquece-se o porque que já sofreu, se sofreu... Esquece-se o porque que acabou e como acabou e porque acabou. Parece que ventos novos trazem boas novas e tudo que era antigo que estava sujo e empoeirado vai embora dando lugar ao novo, limpo, brilhante e excepcionalmente desejado.

Positividade, Paz e Amor.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Nunca fui tão bom.


Eu não tive muitos amores,
nem muita sorte.
Nunca fui tão bom de bola,
nem tão bom escritor,
cantor, compositor,
desenhista, pintor...
Nunca fui o mais inteligente,
nem o mais bonito,
bem vestido, querido,
aplaudido, sofrido...
Nunca fui tão bom em
todas as coisas que tentei fazer.
Será que serei tão bom em morrer?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Porque só podemos ser livres dentro dos limites que nos são postos?


A escola obrigatória, o voto obrigatório e o serviço militar obrigatório harmonizam-se perfeitamente na cultura de castração das reais possibilidades humanas. E, mais uma vez, a liberdade sai ferida.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O que realmente importa.


Se anjos e demônios existem não poderei responder. Se vivi, respondo convicto que sim. Quando morrer saberei que vivi, e viverei sem nunca esquecer que posso morrer. E assim vou seguindo, caminhando, lutando, renegando, tropeçando, levantando, caindo, reerguendo-me... Porque a luta é diária, todos os dias são dias de escolhas. Dias de viver.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Monólogo de um homem


... mas, se eu me jogar deste penhasco... mas, se eu não me jogar... e agora o que faço? Morrer ou não morrer? Matar-me e ser um assassino de minha própria alegria (alegria?) – tristeza (tristeza?). Antes de tudo isso não havia nada. Havia um vazio que agora parece que já não é mais. O encontro com este eco infinito que me parece vir debaixo mostra-me um medo que até aqui não havia manifestado-se. O medo da morte. Medo de viver nunca tive, até o fato que gerou o motivo por eu estar aqui com um pé solto no ar enxergando uma queda de 100 metros e o outro trêmulo atrás pendendo. Mas isso não vem ao caso. Como os pássaros conseguem jogar-se no ar tão sem medo? Ah! São suas asas. Porque não tenho asas? Seria mais fácil se podesse simplesmente voar para o sul e fugir do compromisso. A responsabilidade pela minha própria vida que agora me pesa não é tão doce quanto achei aos 18. Felizmente papai nunca me deixou usar a sua Colt. ... Gabrielle! Oh! ... Jeanne! Oh! ... Todas elas que me mostraram o que era o amor. Palavra vazia que dá mais raiva que alegria. Jogar-me-ei agora... Porque hesito? Covarde! Covarde! Nem isso consigo fazer direito. Não é tão fácil tirar a própria vida. E olha que sou eu o único aqui. Eu, o penhasco e esses pensamentos inquietantes. Porque simplesmente não fecho os olhos e finjo voar? Abro os braços e deixo o vento me guiar? Sou eu ou não o responsável pela droga dessa miserável minha vida? Quero morrer! Preciso morrer! Quero me fazer este favor. Não há verde nessas montanhas... O céu está tão limpo e claro. O sol tinha que estar brilhando tanto hoje? Manhã linda demais para tragédias. Ou seria tragédia maior ainda em uma manhã tão linda? Os olhos verdes de minha mãe ajudariam agora. Maldito velho bêbado. Deveriam tê-lo matado por dirigir aquela noite. Assassino! O melhor que fiz foi sair de casa. Mas hoje me encontro aqui também por ter fugido. Por ter começado mentindo. Enfrentar é para os corajosos. O que será de mim se não morrer agora? O que será de mim se eu morrer agora? Céu... Inferno... São aqui? Estão lá? Minha própria vida já foi um inferno. O que há de vir não pode ser pior. Será?


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Abertura


Aqui escrevo para morrer e renascer.

Aqui escrevo porque mereço um escape.

Aqui escrevo porque preciso de você.

- escrevo porque dizer eu não consigo.


Viver é um Morrendo


Dia quente, noite fria.
Lua Cheia de agonia.
Sol forte chega ao leste.
A solidão me entristece.

Ruas cheias, cama vazia.
Sucumbindo à afasia.
Aos poucos estou vivendo,
mas viver é um morrendo.

Espero todo dia,
não ver mais o sol raiar.
Prefiro dormir p'ra sempre
e nunca mais acordar!

Armando Batista

O sentido de eu postar coisas antigas que já tinha escrito há um certo, e considerável, tempo é simplesmente por hoje me sentir tal como...

Armando Batista

Nove horas da manhã. Armando espreguiça-se ainda deitado na cama. Descola os olhos aos poucos, lutando contra a claridade. Um bocejo é seguido por uma flatulência e um suspiro de alívio. Mais uma manhã. Mais um dia.
Era julho, e Armando odeia julho. Os ventos e o sol forte deixam ele com os lábios ressecados e sempre com sede. As crianças fazem barulho na rua, correm, gritam, se divertem, ele já não aguenta mais ver aquela despreocupada e feliz infância que o faz rememorar a sua.
O telefone toca na segunda mordida do pão com manteiga. Ele toma um gole de café e levanta-se para atender, quase sem vontade. Era Diogo.

– Hey Man! Está fazendo o quê? – Pergunta Diogo.
– (entre bocejos) Acabei de acordar. – Responde Armando.
– Quanto aquilo de ontem a noite... é...
– Cara, esquece! A amizade não se conta pelos anos e sim pela intensidade dela. É como a vida... Pelo menos deveria ser assim a vida: contada não pelos anos e sim pela intensidade que viveu todos os momentos.
– Vamos sair à noite?
– Tudo bem, me liga. Estou comendo para ir trabalhar, então...
– Ok! Até!

Armando desliga o telefone, dá mais um gole no café, mais uma mordida no pão, ascende o cigarro, pega o paletó e o chapéu no armador e sai pela porta. Seu pensamento, como de costume, era o mesmo: Droga de vida! Ter que ir trabalhar. Porque não nasci rico? Preguiça!
Chega ao trabalho. – Bom Dia! – Bom Dia! Sorri. Coça a cabeça, sobe as escadas e fecha-se no escritório. Sua secretária chama-se Glória. Uma loira, alta, olhos verdes, cabelos grandes, ondulados e volumosos. Ela possuía uma pinta entre a boca e o nariz, perfeitamente localizada à esquerda. Era a pinta que todo homem diria ser o chamado do pecado. Pela cabeça de Armando era a pinta. Mas, toda a Glória era o chamado do pecado. Curvas, olhos, cabelos, pinta, tudo perfeito. Para a maldade. A mulher exalava o perfume do amor e a voz das damas da noite. Era a caracterização perfeita para o diabo desvirtuar os homens de bem.

– Senhor Batista. A companhia de telefone ligou, vão mandar uma equipe para resolver o problema. – Anunciou Glória.
– Obrigado Glória. – Falou Armando.

Ele não deixava de contemplar a beleza daquela mulher quando ela voltava de um recado dado. Ela girava o pé esquerdo, enquanto o direito a apoiava, fazendo seu estupefante glúteo querer se libertar da saia. Seu rosto virava depois, deixando o cabelo para trás que levemente acompanhava o ritmo. Ele quase sempre morria de tesão, apenas com esse movimento. Mas, sempre se conteve. Nunca passou dos seus pensamentos. Ele nem mesmo sabia se ela tinha algum compromisso com alguém. Preferia ficar na defesa.
O expediente acabou, como sempre acabava. Tudo igual. Glória entrou na sala umas cinco ou seis vezes, e sempre o movimento fazia Armando delirar por dentro, o que refletia em suas calças de linho. Pediu para ir embora as dezoito horas, e ele como sempre disse sim. Ela deu boa noite, ele respondeu, e logo depois também foi embora.